Gosto de livros e também gosto do Big Brother Brasil.Quanta contradição há nisso? Pra mim nenhuma.
Deus me livre ter nascido uma pessoa gostasse das mesmas coisas ou das coisas parecidas sempre.Quanto mais diversificado meu interesse, quanto mais receptiva ao novo, quanto mais desencanada dos padrões, melhor e mais viva me sinto.
Um programa de televisão não dá identidade a ninguém.Você não precisa viver 70, 80 anos pra entender que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Não assisto um documentário ou um filme de arte pra provar algo sobre mim. Intelecto não existe pra ser exibido - e desconfio de quem o faz.Pessoas inteligentes não precisam provar que são inteligentes o tempo todo- é tão natural quanto demonstrar afeto.
Me incomoda o olhar crítico de quem se acha melhor porque só assiste ao Discovery Channel. Me incomoda o rótulo de que "só gente vazia" assiste reality show - Minha mente é tudo, menos oca.
E sabe o que é pior, pra não dizer ridículo? Quem mais reclama, faz o que da vida de tão extraordinário ? Tenho certeza que à sombra dessas pessoas, existem muitas histórias que revelam que isso é contraditório de doer.
Entenda : a vida é um Big Brother- exceto se o sujeito reside numa caverna. O Facebook é um Big Brother - um condomínio é um Big Brother. A única diferença é que o enredo dessas vidas em geral é tão sem graça, que não vale a audiência de ninguém.
Se você já falou mal do vizinho, se você já brigou com um amigo, se você já riu da roupa de alguém, se você viveu o suficiente pra viajar, ir à praia, olhar a lua ou todas essas coisas comuns de quem respira, sinto muito, você não entendeu nada.
Qual documento assinei ao nascer que diz que eu devo tirar uma lição de tudo? Que eu saiba nenhum! Tudo que eu quero é o direito legítimo de me divertir sem pensar na camada de ozônio.
Entretenimento = entreter = distrair, divertir, servir de recreio, de passatempo. Isso significa que eu não assisto o Big Brother no intuito de evoluir ou aprender alguma coisa.E ainda assim, se você fosse esperto, se você realmente fosse melhor que eu, saberia que a observação do comportamento humano exposto aos limites, é inacreditavelmente rica, e que divertimento é um troço que não precisa de ter troco ou cabeça quente no travesseiro.
A vida já é suficientemente dura pra eu ter que ficar buscando sentido pra tudo ou alimentando loucamente meu espírito. Isso a gente faz sem alarde e isso, você que se diz tão melhor que eu, devia tentar entender entre um livro e outro ( se tiver tempo, é claro).
Fabiana Borges - Telespectadora do Big Brother Brasil e outras baboseiras maravilhosas.
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