4/14/2013

DESENVOLVENDO AFETO GIGANTE PELOS PEQUENINOS - Por Claudio King


Nessa nova fase do blog quero dividir com vocês, algumas palavras alheias também - Essas coisas que eu adoraria ter escrito, que me fazem pensar ( mais? ), que são simplesmente belas ou me intrigam de alguma forma.


O texto abaixo  é do meu amigo Claudio King, que escreve outras pérolas no http://doitthreesome.tumblr.com/ :



A ideia de amar crianças, sem motivo lógico, sempre me foi ambivalente. Eu sentia que estava errado, mas não encontrava explicação lógica para isso. Uma das coisas que eu sempre ouvia, quando dissertava sobre esta falta de afetividade com crianças, era que quando eu tivesse um filho, eu entenderia o porquê de amar crianças. Todavia, a resposta lógica que meu inconsciente me dava, era que eu, a partir do nascimento de um filho, amaria apenas aquela criança, e continuaria não fazendo sentido amar todas.

Amar o próprio filho, para mim, era uma obrigação que a vaidade genética impunha a todos os genitores. E era aí que residia a resposta para a lógica inexistente no afeto.

Eu nunca trabalhei e morei na mesma cidade, e isso sempre foi um empecilho para a afirmação de sentimentos cultivados no cotidiano. Tanto da minha parte, quanto da parte de quem ‘convivia’ comigo. No caso do nascimento do meu filho, estes empecilhos ficaram mais explícitos, pois ele nunca me foi tão afetuoso como é com a mãe, com quem sempre conviveu diariamente.

Portanto, eu me vi obrigado a amar alguém que supostamente não me amava. Foi então que encontrei a resposta inequívoca para a inexistência da lógica no afeto. Eu não estava obrigado a amar o meu filho pela vaidade genética, eu não me sentia assim. A resposta era que eu estava obrigado a amar o meu filho, porque nós dois precisávamos disso para que a vida nos fosse boa, cheia de contentamentos e prazerosa, porque eu precisava amá-lo para poder me doar algo de mim pra ele, a saber, os ensinamentos; eu precisava amá-lo para poder aventurar-me com ele na fabricação de saberes que ele necessita.

Recentemente, nos últimos anos, eu tenho tido mais disponibilidade para estar com meu filho. Coincidentemente, tem crescido em mim a real necessidade de ser afetuoso com crianças. Qualquer criança, seja na rua, o filho do vizinho, o pedinte, o amigo do meu filho, não importa, eu me sinto tentado a aproximação afetiva. É como se eu estivesse enxergando a tal lógica que tanto procurei.

Em pessoas como eu, que tem a racionalidade muito aflorada, agir com passionalidade é um processo gradativo e lento, mas que tem maior poder de frutificação.

Afetuosidade por crianças é uma obrigação lógica. Porque elas precisam disso para desenvolver capacidades que os adultos esperam delas; Porque os adultos precisam disso para conseguir adentrar o seu mundo fantasioso, consequentemente, guiá-las no próprio mundo deles;  Também, o mais importante, porque dá prazer a afetuosidade desobrigada, o que é, sobretudo, um aprendizado de vida. 


      

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